PROGRAMA BALADA DA FADA

domingo, 15 de agosto de 2021

Esclerose Múltipla: Os mistérios acerca da doença e os avanços pós diagnostico


Apesar de componentes autoimunes e degenerativos, é possível viver com a doença controlada.


Receber o diagnóstico de uma doença autoimune, crônica e progressiva pode soar assustador para o paciente no primeiro momento, porém, não significa que não seja possível viver bem. Embora a causa do surgimento da Esclerose Múltipla (EM) e consequentemente sua cura sejam desconhecidas, a medicina tem avançado muito nos últimos anos e garantido muito mais qualidade de vida para os portadores da doença.

De acordo com o Dr. Mateus Boaventura, neurologista do Hospital Sírio Libanês e especializado no tratamento de pessoas diagnosticadas com Esclerose Múltipla, os mecanismos principais da doença envolvem a perda da bainha de mielina - um material adiposo que reveste os neurônios- responsável pela condução normal e rápida de mensagens elétricas entre o cérebro e o corpo, além da perda da própria “fibra nervosa” ou axônio, que é o prolongamento do neurônio (mecanismo degenerativo). Essas reações do organismo causam interferências na comunicação entre o corpo e o cérebro. Assim, qualquer sintoma neurológico pode surgir na forma dos chamados “surtos” ou de uma progressão lenta. Infelizmente, ao longo do tempo as lesões podem causar danos irreversíveis em áreas específicas do corpo. Por essa razão, a necessidade de um diagnóstico precoce é fundamental.

Segundo o neurologista, o acesso a informação é de extrema importância para o tratamento e a prevenção de danos mais severos no sistema nervoso. “Veja bem, por se tratar de uma doença crônica, autoimune e progressiva, porém tratável, o quanto antes é descoberta, mais fácil torna-se prevenir o acúmulo de novas lesões e incapacidade neurológica. O problema das formas mais agressivas está no diagnostico tardio” – explica Dr. Mateus.

As campanhas de conscientização são de extrema importância para conhecimento da população. Ao longo do mês de agosto é celebrado o “Agosto Laranja”, uma campanha dedicada à doença, abordando sintomas, diagnóstico precoce, estratégias para melhorar a qualidade de vida, tratamentos, entre outros desafios enfrentados pelos portadores da EM. Algumas pessoas podem não apresentar sintomas por quase toda a vida, enquanto outras lidam com sintomas crônicos graves que nunca desaparecem, por isso a importância da informação para os já diagnosticados, os que não possuem a doença e os que sentem os sintomas e não sabem que são possíveis portadores. “Pode haver um acúmulo de sequelas, se não houver um diagnóstico e tratamento precoce. O diagnóstico envolve uma avaliação detalhada da história dos sintomas, exame neurológico e exames complementares: realização de ressonância magnética, estudo do líquor (punção lombar) e exames laboratoriais para descartar outras doenças – afirma”.

De acordo com o Dr. Mateus Boaventura, cerca de 85% dos casos da doença manifestam-se na forma de surtos que podem durar dias ou até semanas. É importante ressaltar que os sintomas, gravidade e duração dos surtos variam muito de pessoa para pessoa. Entre os sintomas estão embaçamento visual com dor ao mover os olhos, visão dupla, fraqueza e formigamento, comprometimento da coordenação motora, falta de equilíbrio, entre outros por mais de 24h. “Muitas vezes o paciente sente um dos sintomas e procura outras especialidades médicas, que nem sempre identificam a necessidade de uma investigação neurológica. O ideal é que sentindo algum dos sintomas pelo período citado, a pessoa procure auxílio médico, seja diretamente um neurologista, ou sendo encaminhado por outros colegas” – alerta Dr. Mateus.

Apesar da causa desconhecida, acredita-se que a doença seja considerada multifatorial. Diversos estudos sugerem que a EM ocorre em pessoas com uma predisposição genética, em que a interação com fatores ambientais pode desencadear um processo autoimune. Alguns fatores são a falta de Vitamina D, a infecção pelo vírus da mononucleose infecciosa (vírus Epstein Barr), o tabagismo e a obesidade.

Antes de 1993 não havia nenhum tratamento eficaz aprovado. Hoje, felizmente, existem mais de 10 opções de tratamento para frear doença, principalmente em sua forma remitente-recorrente. São desde drogas autoinjetáveis, orais ou venosas. Para a forma primariamente progressiva, existe um tratamento venoso recentemente aprovado, nos últimos 4 anos. Cada opção de tratamento possui um grau de eficácia e um perfil de efeitos adversos. A escolha é individualizada. O objetivo do tratamento é prevenir novos surtos, novas lesões e o acúmulo de incapacidade.

Ainda não existe um controle 100% da doença. Entretanto, após 28 anos da primeira terapia aprovada, a história e o prognóstico de pacientes com esclerose múltipla melhorou significativamente! Felizmente, um grande percentual destes pacientes pode não evoluir mais para incapacidade neurológica importante, e ter uma boa qualidade de vida, caso recebam um diagnóstico e um tratamento precoces.


Sobre Dr. Mateus Boaventura de Oliveira

Médico Neurologista do HC-FMUSP, Hospital Sirio Libanês e H. Albert Eisntein. Realizou fellow clínico e pesquisa em Esclerose Múltipla em Barcelona -Cemcat- Hospital Vall d’Hebron. Possui título de especialista pela Academia Brasileira de Neurologia e é Membro da Academia Americana de Neurologia. Atualmente realiza pesquisas científicas e acompanha diversos pacientes com EM.


O Dr. Mateus Boaventura ainda mantém canais dedicados à disseminação de informações sobre a EM e outras doenças neurológicas de maneira bastante didática.

Para entender melhor sobre a Esclerose Múltipla e conhecer o trabalho do Dr. Mateus Boaventura, acesse:

Instagram: @drmateusboaventura

www.youtube.com/Dr Mateus Boaventura

Facebook: @drmateusboaventura


Reumatologia e Agosto Dourado: planejar o ato de amar

No mês dedicado a amamentação, especialista orienta sobre os cuidados necessários para que mulheres com doenças reumatológicas preparem-se para um dos atos mais importantes que ligam a mãe a um filho.

Agosto Dourado é dedicado à amamentação, porém quando as mulheres estão em tratamento para doenças reumatológicas, é necessário prever alguns cuidados com a saúde da mãe e do bebê.

Diferente do que muitos pensam, o reumatismo não acomete apenas idosos. Muitas doenças como a artrite reumatoide (AR), o Lúpus e a Espondilite Anquilosante ocorrem frequentemente em indivíduos jovens em idade fértil.

Ouvimos frequentemente, “o que esperar, quando se está esperando”, e o universo das pacientes com doença autoimune é muito maior, pois além de entender todo o processo, precisam planejar a gravidez para que esta ocorre sem complicações.

Para que as mulheres possam se programar e tenham informações corretas, a especialista da Cobra Reumatologia, Jaqueline Lopes, fala sobre os principais cuidados e medidas necessárias.

Cada doença tem um perfil diferente na gravidez. Enquanto o Lúpus tende a piorar durante a gestação ou no período pós-parto, a Artrite Reumatóide tende a não agravar e a maioria das mulheres sente-se melhor das dores relacionadas com a doença. Já nas Espondiloartrites os efeitos são variados, mas a tendência também é que melhore com a gestação e piore no período pós-parto.

Algumas medicações devem ser interrompidas antes da paciente engravidar e por vezes, é preciso esperar até 2 anos para se ter uma gravidez segura após a suspensão, como é o caso do leflunomida.

O risco em deixar a doença materna sem tratamento durante o período da gestação ou amamentação deve ser considerado versus o potencial efeito da droga sobre o feto/ recém-nascido.

De uma maneira geral podem ser usados nesse período: Antiinflamatórios não esteroidais (AINEs); Aspirina; Hidroxicloroquina; Sulfassalazina, Azatioprina e Ciclosporina. Em relação aos imunobiológicos alguns já foram liberados para uso durante toda gestação/amamentação enquanto outros são recomendados apenas por um período de tempo determinado.

Atenção: em relação aos Corticoides, depois da dose da medicação, deve ser descartado o leite materno nas primeiras quatro horas; Sulfassalazina (SSZ) pode ser usada apenas por mães de bebês saudáveis.

Contra-indicados: Metotrexato, Talidomida, Ciclofosfamida, Micofenolato Mofetila, Belimumabe e Leflunomida.

As pacientes reumáticas devem seguir as orientações de seus médicos para amamentar ou não o bebê. Tudo depende da medicação que cada uma toma.

Como o relógio da mulher dá as caras bem cedo, a doutora recomenda que mulheres acima de 35 anos com desejo de engravidar, dependendo da doença, sejam avaliadas por um especialista em fertilização e discutam a possibilidade de congelação de óvulos.

Atenção ao SAAF gestacional: a Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAAF) é uma desordem autoimune, caracterizada pela presença de anticorpos antifosfolipídeos. As consequências na gravidez podem ser: trombose, parto prematuro e aborto espontâneo. é necessário um acompanhamento multiprofissional adequado e, assim, permite que de 70% a 80% das gestantes nessas condições venham a ter uma gravidez segura.

Sobre a Dra. Jaqueline Lopes: Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Mato Grosso (2001), Jaqueline Barros Lopes tem residência em Clínica Médica (HUJM), residência em Reumatologia (FMUSP), é especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia e tem Doutorado em Reumatologia com ênfase em Osteoporose (FMUSP). Hoje, é diretora cientifica da renomada Cobra Reumatologia.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O que o cuidado bucal tem a ver com o desempenho de atletas?

Entenda como a saúde bucal interfere na performance dos esportistas





Em tempos de Jogos Olímpicos, ao acompanhar diversas competições com atletas de alto nível de performance, é comum pensar que seu preparo se limita apenas ao condicionamento físico e técnico.

Para um bom rendimento do atleta, o corpo em sua totalidade precisa estar saudável, sendo importante o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Um dos profissionais que integram essa equipe é o cirurgião-dentista.

“A saúde bucal do atleta reflete diretamente na saúde geral que, por sua vez, interfere diretamente em seu rendimento esportivo. Os riscos da não realização de um tratamento odontológico adequado flutua desde doenças respiratórias, comprometimento articular e muscular, dor de dente, dores na articulação temporomandibular, respiração bucal, mastigação inadequada, todos repercutindo sistematicamente no organismo do atleta”, comenta a Dra. Neide Pena Coto, cirurgiã-dentista, presidente da Câmara Técnica de Odontologia do Esporte do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).

A má posição da mandíbula, por exemplo, é capaz de interferir no equilíbrio durante a prática esportiva. A mandíbula é a primeira cintura do nosso corpo. A segunda é a pélvica e a terceira a escapular. Então, se a mandíbula tiver algum tipo de desequilíbrio, consequentemente o corpo buscará compensar, o que a médio e longo prazo, pode causar lesões.

“Quando o atleta não realiza visitas periódicas ao cirurgião-dentista ele também pode ficar suscetível à cárie ou lesões cervicais não cariosas. Outra coisa, caso o atleta não utilize o protetor bucal individualizado (confeccionado por seu cirurgião-dentista) ele fica exposto a choques e colisões podendo fraturar dentes e ossos da face”, exemplifica.

Outro fator relevante que interfere diretamente no desempenho do atleta é a rotina alimentar. “É preciso ter cuidado com a ingestão de suplementos, isotônicos, repositores, e até água com limão, pois podem interferir maleficamente na saúde bucal”.

Odontologia do Esporte

A parceria entre a Odontologia e o esporte já é bastante antiga. O primeiro registro conhecido é de 1890, no Reino Unido, por meio do trabalho do cirurgião-dentista Woolf Krause, que criou um dispositivo à base de substância vegetal, similar ao látex para proteção dos dentes superiores da boca dos boxeadores, chamado de guta-percha.

Em 1913, seu filho Philllp Krause fabricou um protetor bucal, exclusivamente para o boxeador Ted “Kid” Lewis, também com a finalidade de proteção dos tecidos bucais durante o combate, mas com a vantagem de ser reutilizável. O primeiro trabalho relacionado à Odontologia do Esporte no Brasil foi durante a Copa do Mundo de Futebol, na Suécia, em 1958, elaborado pelo então cirurgião-dentista da Seleção Brasileira de Futebol, Dr. Mario Trigo. O Brasil foi o único país que levou um cirurgião-dentista e um psicólogo nesta competição, demonstrando a preocupação em proporcionar uma estrutura completa para seus atletas. Trigo também acompanhou a equipe em 1962, 1966 e 1970.

A Odontologia do Esporte foi reconhecida como uma nova especialidade na Odontologia brasileira em 2015, por meio da Resolução Nº160 do Conselho Federal de Odontologia (CFO).

Sobre o CROSP


O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com mais de 145 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária. Mais informações: www.crosp.org.br